terça-feira, 19 de outubro de 2010

SOBRE A LEITURA DA TERCEIRA MARGEM DO RIO


(postado em 28 de junho de 2010 - teatrodadversydade.spaces.live.com)


Em 2010, reiniciamos os estudos das obras do autor João Guimarães Rosa e novamente entendemos que a questão do abandono estava presente na sua obra. Fomos convidados pelo SESC-Santos para  uma leitura dramática do texto: “A Terceira Marquem do Rio” e “Famigerado”. 
A proposta trabalhada foi a leitura desses textos na íntegra, o grupo já os vinha pesquisando, o que permitiu uma abordagem mais lúdica dessa leitura.




Alguns dos elementos pesquisados são:
  • Canções e brincadeiras de infância e o resgate dessas lembranças sonoras e corporais que traduzam este período.
  • O resgate físico, psíquico e emocional do ser humano a partir de sua capacidade de criação.
Estes dois tópicos citados foram trabalhados dentro da leitura.
No inicio, mãe e filha cantavam a canção: “Com minha mãe estarei” e caminhavam como se estivessem em procissão. Depois, o filho narrava e a filha pulava amarelinha, enquanto ajudava o irmão a relembrar o que iria contar. A mãe, por sua vez, lavava roupa numa bacia, batendo-a no chão como se batesse em alguém.
Utilizamos poucos elementos cênicos: duas bacias (uma ao fundo, com a imagem de Cristo colada e com velas ao redor; e outra usada pela mãe), fazendo com que tudo remetesse ao público a lembrança de uma família cujo pai partiu, para não mais voltar.
As ações eram mínimas e delicadas, como se estivéssemos em outro tempo e espaço.
A luz âmbar ajudava a criar uma primeira atmosfera.
Na parte final do texto a música “Desenredo” era “cantarolada” sem a letra original, apenas o refrão era cantado na integra, bem baixinho quase como um lamento, enquanto o filho dizia suas últimas palavras:
“...peguem em mim, e me depositem também numa canoinha de nada, nessa água que não pára, de longas beiras: e, eu, rio abaixo, rio afora, rio adentro – o rio.”

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